Tolerância zero? Que nada!

31.1.07

A dura realidade de Parauapebas

Reportagem interessante que li no sítio Repórter Brasil.

A mineração da maior jazida de minério de ferro de alto teor, com mais de 2 bilhões de
toneladas, na Serra dos Carajás, pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), traz consequências duras para a cidade de Parauapebas (PA).

Um detaque meu:

Não muito distante da pobreza absoluta da periferia de Parauapebas, onde se amontoam migrantes miseráveis, encontra-se o núcleo urbano de Carajás, construído para abrigar os funcionários mais antigos e de alta patente da CVRD. A 25 quilômetros da portaria da
Floresta Nacional dos Carajás, que dá acesso às minas de ferro e por onde só se passa com autorização, fica um verdadeiro enclave de Primeiro Mundo no meio da Amazônia, com clube poliesportivo, restaurantes refinados e cinema onde é possível assistir aos mais recentes lançamentos do mercado. No vilarejo de 5 mil moradores, as 1.274 casas não têm muro e foram construídas seguindo o mesmo padrão arquitetônico, à semelhança de um subúrbio norte-americano. "É um apartheid. A Vale retira boa parte de sua riqueza de Parauapebas, mas não retribui com investimentos em saúde, educação e saneamento para a maioria do povo. Ela paga seus impostos, porém isso é muito pouco perto dos problemas que a mineração gera", critica Fontana.



De acordo com a matéria, Parauapebas está crescendo num ritmo aceleradíssimo e desordenado.
Cinquenta novas famílias por semana, como diz a reportagem, chegam na cidade fugindo da
pobreza e com um sonho de melhor. E acabam encontrando uma situação deplorável, onde,
segundo o IBGE, 90 habitantes moram.
Segundo o poder público local, o número de habitantes é de 140 mil.
Sem infra-estrutura, a cidade vai se transformando num caos. Falta saneamento básico,
segurança e educação. Como disse o poder público local, somente 13% das moradias da cidade possuem saneamento básico e a água é somente para a metade da população. A segurança da cidade é feita por 35 policiais (o que dá um número de 4000 pessoas por policial).
A CVRD investe em seu "centro urbano", como mostrado na matéria, e faz pouquíssimos
investimentos na cidade onde suga as riquezas minerais.
Paga os impostos e acha que com isso cumpre seu dever com a cidade, mas investir em um
crescimento social parece não atrair a CVRD.
A criação do Senai em Parauapebas, pela CVRD, é um investimento, mas que também visa atender suas necessidades. E, na minha opinião, formar os locais para obter mão-de-obra mais barata.
A CVRD é a responsável pelo crescimento desordenado da cidade. E com isso, deveria investir mais no social, até mesmo com parcerias com o poder público local,
realizando obras de saneamento, saúde, educação e cultura.

Coloco aqui um trecho de uma matéria retirada do sítio A Vale É Nossa:

E como ficou a situação após a privatização da Vale?
Lermen. Os recursos oriundos da grande Companhia, direta ou indiretamente através de suas terceirizadas, não são suficientes para disponibilizar equipamentos públicos a fim de dar mais dignidade à população. O município arca com as despesas nas áreas de saúde, educação, saneamento, para mais de 90% dos trabalhadores que produzem esta fabulosa riqueza que dá lucros astronômicos a CVRD. Por exemplo: no ano passado construímos 540 casas populares com recursos próprios. Mas não dá nem para o começo, sendo que temos uma previsão de fazer mais 1500. Na área de saneamento estamos implantando um projeto de tratamento de água no valor de R$ 15.000.000,00 (recursos próprios). Precisamos construir pelo menos 12 escolas de 12 salas para amenizar a situação. Com a privatização da CVRD, a sensação é a de que a Companhia lava suas mãos em relação ao nosso povo e ao desenvolvimento local. Nenhum equipamento público construído nos últimos anos tem investimento direto da CVRD. O sentimento diário ao ver a locomotiva de 200 vagões indo embora entre 15 e 20 vezes, é de que no futuro podemos estar condenados a um desastre parecido com Serra do Navio (Amapá), nos deixa indignados. Em breve serão por ano 100 milhões de toneladas de minério de ferro indo sem nenhum beneficiamento produzir riqueza e empregos na Europa, Ásia, América do Norte... Enquanto isso o nosso povo pisará no chão da grande província de Carajás e seus pés empoeirados de minério, caminharão para um futuro de incertezas.



Para não desmerecer a CVRD, coloco aqui o link dos servoços prestados pela mesma.
http://www.helmar.com.br/servicos_prestados.htm

Mas deixo claro que, em Paraupebas, que é meu enfoque nessa postagem, o único investimento que encontrei foi o seguinte: (fora o Senai)

ÁGUA PARAUAPEBAS
Projeto de Abastecimento de Água para a cidade de Parauapebas CVRD/CARAJÁS, constituído de Captação sobre balsa flutuante, Adutora, Clorador e Rede de Distribuição.
Cliente : EPC - Engenharia, Projeto e Consultoria Ltda.



Aproveitando, coloco aqui outra parte da matéria do sítio Repórter Brasil que achei interessante:

Há ainda um fato no mínimo curioso decorrente da presença da companhia no município. Nos últimos três anos, a Polícia Federal realizou uma série de operações que culminaram com a prisão de diversos membros de uma quadrilha acusada do desvio de milhões de reais de contas bancárias. Por meio de um programa de computador desenvolvido por um engenheiro demitido pela CVRD, eles rastreavam as senhas eletrônicas de correntistas de todo o país que faziam movimentações financeiras pela internet. Cidade de contrastes, Parauapebas recebeu o inusitado título de capital nacional dos hackers. Tudo por causa da mineração.


Chega a ser hilário. Parauapebas, capital nacional dos hackers.

30.1.07

Microcrédito e suas barreiras aos pobres.

O acesso de pessoas de baixa renda à microcréditos, no Brasil, como todo mundo sabe, é cheio de barreiras. Coloco abaixo um destaque meu, desta matéria retirada do sítio da Agência Carta Maior:


Da criação do microcrédito a dezembro de 2006, as instituições financeiras recusaram-se a emprestar 45% de tudo aquilo que estavam obrigadas. Em cifras, negaram R$ 782 milhões em crédito aos pobres, com quem poderiam ter lucrado cobrando juro de 27% a 60% ao ano. Em vez disso, acharam melhor mandar a bolada ao Banco Central (BC), onde o dinheiro descansa sem ganho para as instituições.

...

O desinteresse do sistema financeiro existe desde o surgimento do microcrédito. Os bancos reclamam que os limites de juros são rasteiros demais para pagar o custo de caçar e manter clientes de baixa renda. Admitem que não estão acostumados a trabalhar com o segmento. E alegam que o risco de calote seria grande, pela falta de garantias dos tomadores (bens, emprego estável). São queixas contra o próprio espírito do microcrédito – oportunidade de crédito a quem está alijado do sistema tradicional.


Mesmo com todas as barreiras e restrições colocadas ao microcrédito, o avanço relativo aos créditos em geral é o maior desde 1996. Segundo estimativa do Banco Central, o volume geral de crédito representou 34% das riquezas nacionais.

Outro destaque meu: (em relação a estimativa do BC sobre o volume geral de crédito)

Segundo a equipe econômica, o crédito ganhou fôlego com a redução dos juros, processo que atraiu contratos de pessoas físicas e empresas. O principal combustível para a elevação dos empréstimos foi o crédito com prestações descontadas do salário dos trabalhadores, o chamado consignado. Por ter risco de calote quase zero, o consignado possui juro menor que empréstimos tradicionais. Segundo o BC, ele já injetou R$ 48 bilhões no mercado.

Grande avanço na economia brasileira, mas a exclusão dos mais pobres continua.
E como a matéria mesmo relatou, as instituições financeiras preferem perder dinheiro à correr atrás de uma clientela carente.

Notas Rápidas [30/1/07]

  • Brasil:

  • "Juízes desafiam parlamentares a abrir contracheques."

É o sujo falando do mal-lavado. É o STF com seus super salários querendo abrir os holerites dos servidores e dos próprios parlamentares, com a intenção de saber se o teto constitucional está sendo acatado e quanto o Congresso paga a seus integrantes.



  • Venezuela:
  • "Lei Habilitante será votada na rua."

Lei Habilitante, que dará a Hugo Chávez poderes plenos para governar por decreto, será votada numa sessão especial da Assembléia, que será realizada do lado de fora da sede do Legislativo.
Segundo a presidente da casa, Cilia Flores, "a sessão será realizada na rua para que o povo participe ativamente desta importante decisão".


Na minha opinião, um governo transparente.

Fonte: O Estado de São Paulo

29.1.07

O Império dos Barris

Li, no sítio da Revista Carta Capital a seguinte matéria:


  • O IMPÉRIO DOS BARRIS
por Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa

Washington sobe a aposta e a ditadura da energia ameaça o mundo.


O historiador Roger
Harris, ex-assessor de Lyndon Johnson e Richard Nixon, ao ouvir o discurso com o qual Bush júnior pediu mais tropas e recursos para o Iraque para “romper o ciclo de violência”, “evitar o colapso”, possibilitar que o governo de Bagdá assuma a responsabilidade pela luta e evitar uma derrota desonrosa, lembrou-se de 1969. Depois de ver Nixon ser eleito com o slogan “Tenho um plano para terminar a Guerra do Vietnã”, Harris ouviu o assessor-chefe, Henry Kissinger, dizer, na Casa Branca: “Não posso acreditar que uma potência de quarta categoria como o Vietnã do Norte não tenha um ponto de ruptura”.

Em vez do fim da guerra, Nixon passou a falar de “paz com honra” e “vietnamização”. O número de tropas do Pentágono começou a diminuir, mas a violência e a abrangência do conflito aumentaram ainda mais. Morreram tantos soldados dos EUA da posse de Nixon, em 1969, até a retirada se completar, no início de 1973, quanto desde o início do envolvimento direto, em março de 1965 – cerca de 29 mil em cada período. Em 1970, com a invasão do Camboja, Harris pediu demissão. Ainda viria o bombardeio massivo do Vietnã do Norte em 1972. Mais outros milhões de vietnamitas, laocianos e cambojanos foram mortos – e o resultado foi tornar ainda mais grave a derrota de Washington, que perdeu não só o Vietnã, como toda a Indochina.

Mas o Iraque nem sequer chegou a esse estágio: a Casa Branca ainda quer “incremento” (surge) do compromisso, enquanto evita o quase-sinônimo “escalada” (escalation), associado ao fiasco do Vietnã dos anos 60. O governo títere de Bagdá em 2007 é muito mais frágil e menos capaz e confiável que o de Saigon em 1969. Em 11 de janeiro, a secretária de Estado, Condoleezza Rice, disse ao Senado que Al-Maliki vive de “tempo emprestado”.

Segundo o correspondente britânico Patrick Cockburn, do The Independent, os xiitas receiam que os EUA estejam prestes a impor a Bagdá um governo mais preparado para executar suas instruções – como fizeram os EUA ao instigar os militares sul-vietnamitas a depor Ngo Dinh Diem e substituí-lo por Nguyen Van Thieu.

Bush júnior pediu 21,5 mil soldados para tentar aumentar o controle sobre a região da capital. Ali, quem mais tem a perder são as milícias xiitas, aliadas tácitas do primeiro-ministro Nuri Al-Maliki. Como a milícia Mehdi, senhora dos 2,5 milhões de habitantes de Cidade Sadr e liderada por Muktada Al-Sadr, ao qual guardas do governo deram vivas enquanto enforcavam Saddam Hussein. Trata-se, ao que parece, de evitar que o Iraque seja dominado pelos xiitas e, por tabela, pelo Irã – mesmo à custa de enfraquecer o único governo que pôde criar depois de eliminar Saddam.

Além de reforçar as tropas de terra no Iraque, a Casa Branca demitiu do Comando Central do Pentágono no Oriente Médio (CentCom) o general libanês-americano John Abizaid, que esteve no Líbano, conhece a realidade árabe, propôs negociações com Síria e Irã e se opôs ao envio de mais tropas. Substituiu-o pelo ex-aviador naval e almirante William Fallon, especialista em operações aeronavais. Ao mesmo tempo, o novo secretário da Defesa, Robert Gates, decidiu dobrar o poderio naval estadunidense no Golfo Pérsico e enviar um segundo porta-aviões, a encabeçar um segundo grupo de batalha naval.

Trata-se, é óbvio, de uma tentativa de, no mínimo, intimidar o Irã. Mas seu efeito mais previsível será fortalecer os mais radicais em Teerã, já provocados pela captura de cinco supostos diplomatas iranianos e seus equipamentos em um escritório em Irbil, no Curdistão iraquiano, acusados de fornecer armamentos e treinamento aos inimigos de Washington.

Mesmo que os EUA tivessem força para neutralizar as vingativas milícias xiitas – mais numerosas que a resistência sunita –, não encontrariam mais ninguém em condições de obter uma maioria eleitoral e organizar um governo, mesmo de fachada, no Iraque. O fracasso é previsível, diz Cockburn, mas isso não significa que Washington não tentará.

Para Michael Klare, correspondente da revista estadunidense The Nation e professor de estudos de paz e segurança mundial no consórcio Five Colleges, de Massachusetts, o problema vai muito além do controle de Bagdá. Sua tese é que as questões internacionais das próximas décadas serão dominadas pelo deslocamento das principais fontes de energia do “Norte” para o “Sul” e pela luta global por recursos energéticos cada vez mais escassos, com o risco daquilo que chama de “energo-fascismo” – uma tendência a ampliar o controle sobre cada aspecto da produção, aquisição, transporte e alocação da energia e torná-la um instrumento de poder autoritário.

Talvez tenha se esquecido de considerar a possibilidade de um “energo-socialismo” – o uso da mesma ferramenta pela justiça social e pela emancipação do Sul. De qualquer forma, no mundo em geral, como no Iraque e no Irã, em particular, a meta seria controlar a qualquer custo o acesso às reservas de petróleo e a seus possíveis substitutos, como a hidreletricidade e a energia nuclear. O mundo estaria se dividindo entre países deficitários e superavitários em energia.

Vladimir Putin levou à prisão o bilionário Mikhail Khodorkovsky, que pretendia escapar do controle de Moscou e explorar o petróleo russo em parceria com a Exxon Mobil e transferiu a maior parte de suas reservas à estatal Rosneft, além de bloquear as tentativas de construção de gasodutos e oleodutos privados. Desde então, colocou-se em condições de pressionar a Europa e intimidar vizinhos mais dependentes – Ucrânia, Lituânia, Geórgia, Bielo-Rússia – com a ameaça de aumentar preços ou fechar as válvulas, como se viu várias vezes em 2006.

A Rússia, ex-superpotência militar, começa a tornar-se uma superpotência energética, graças ao controle de vastas reservas de gás, petróleo, carvão e urânio, além dos oleodutos que conduzem petróleo dos vizinhos do Cáspio – cujos líderes, como o presidente do Cazaquistão, Nursultan Nazarbayev, jogam com as grandes potências e se deixam cortejar por Washington e Pequim.

Em escala um pouco menor, o governo da Venezuela retoma o controle sobre os campos de petróleo concedidos a multinacionais e exige das que continuam no país que se submetam à sua política de comércio exterior e contenham a produção. Sem disparar um só tiro, alterou drasticamente o cenário político e estratégico da América Latina.

Tirou Cuba da estagnação econômica, elegeu aliados na Bolívia, no Equador e na Nicarágua e financia programas sociais e projetos de infra-estrutura que popularizam Hugo Chávez e sua concepção de socialismo nas três Américas. Isto inclui cirurgias de catarata do Peru a Pernambuco, desfiles de escolas de samba no Rio, máquinas agrícolas e hidrelétricas na Nicarágua, petróleo para os pequenos países do Caribe, petroquímicas na Bolívia, operação de fábricas falidas e ocupadas por operários em Santa Catarina (Cipla e Interfibra) e São Paulo (Flaskô) e até a venda de óleo combustível subsidiado a estadunidenses pobres para ajudá-los a enfrentar o inverno.

É mais que compreensível que outros países pobres se apressem a tomar o controle de seus recursos energéticos, ainda que menos abundantes. Nos últimos meses, viram-se a Bolívia renacionalizar seu setor de gás e petróleo e o Equador expropriar a Occidental Petroleum, aliar-se a Chávez e, junto com Angola, filiar-se à Opep. Viu-se, pela primeira vez na história do Paraguai, um candidato de esquerda – o ex-bispo Fernando Lugo – largar como favorito na campanha para as eleições presidenciais de maio de 2008, contra 60 anos de poder do Partido Colorado, tendo como bandeira a revisão do controle das hidrelétricas de Itaipu e Yacyretá e das condições de exportação de energia para o Brasil e a Argentina.

Mais importante e perigosa, porém, é a transformação do Pentágono (que, sozinho, consome tanto petróleo quanto a Suécia) em um serviço global de proteção às fontes ultramarinas de petróleo e gás dos EUA. Desde o início da guerra no Iraque, mais de um quarto dos gastos militares dos EUA são destinados apenas a essa tarefa. O processo começou em 1980 com a definição, por Jimmy Carter, do Golfo Pérsico como “interesse vital” dos EUA e a criação de uma Força-tarefa Conjunta de Deslocamento Rápido, transformada no CentCom por Ronald Reagan, em 1983.

Trata-se de uma política bipartidária, ampliada por Clinton em 1990 com a extensão do “interesse vital” e da “jurisdição” do CentCom ao Cáspio e às repúblicas ex-soviéticas da Ásia Central. Em 2000, The Geopolitics of Energy, estudo bipartidário do Centro para Estudos Estratégicos Internacionais (CSIS), recomendou que todas as regiões petrolíferas importantes em países periféricos ficassem sob a “proteção” militar do Pentágono. A Nigéria, quinta maior fonte de petróleo dos EUA, começa a tornar-se outra grande preocupação.

Trata-se tanto de garantir o abastecimento de energia quanto de evitar que caia nas mãos de inimigos e colocá-lo nas mãos dos amigos. Como disse Bush júnior em agosto de 2006, “um fracasso no Iraque daria aos terroristas e extremistas outra ferramenta além de um abrigo seguro, ou seja, a receita da venda de petróleo”. Esta continua sendo a preocupação central: apesar do caos em Bagdá, o projeto de lei para leiloar os campos iraquianos às transnacionais anglo-americanas, prometido desde os primeiros meses da ocupação, foi rascunhado pela consultoria BearingPoint e deverá ser em breve remetido ao Parlamento iraquiano. Prevê concessões por 30 anos, em um regime de produção partilhada, análogo ao hoje vigente na Bolívia.

Se o petróleo já é razão de tanta ansiedade e mobilização, mais ainda seu substituto mais importante e estratégico, a energia nuclear – que aparece, além disso, como a alternativa mais compatível com o combate ao aquecimento global, ao menos entre as imediatamente disponíveis em escala global. Cada unidade de enriquecimento de urânio, reator nuclear e depósito de lixo radioativo, cada conexão entre esses pontos é um arsenal em potencial para terroristas, traficantes e governos hostis.

Quanto mais reatores houver, maior terá de ser o controle e mais funcionários, empreiteiras e prestadores de serviços, com suas famílias e contatos, terão de ser checados e mantidos sob vigilância pelas agências de segurança nacional dos EUA dentro do país ou por agências internacionais no exterior.

Cada vez é maior a tentação de intervir em países não “confiáveis” com tais recursos, ainda que o resultado provável seja torná-los ainda menos confiáveis. Por outro lado, maiores os ganhos potenciais dos países periféricos que conseguirem assumir o controle de seus recursos energéticos e coordenarem suas ações – como Teerã a enviar o presidente Mahmoud Ahmadinejad à Venezuela, ao Equador e à Nicarágua. Ainda estamos muito longe do Império dominado pelas tecnologias da informação e bioengenharia previsto por Michael Hardt e Toni Negri. Pelas próximas décadas, o trono ainda será de Sua Majestade Imperial, o barril de petróleo.



Na minha opinião (e creio que na de todo mundo), a real intenção de Bush, com sua invasão ao Iraque, não é somente combater o terrorismo, mas também controlar, por meio de multinacionais, a produção de petróleo.
Alega que: " um fracasso no Iraque daria aos terroristas e extremistas outra ferramenta além de um abrigo seguro, ou seja, a receita da venda de petróleo ”.
Finalizado o serviço no Iraque e tendo garantido seus barris, o próximo alvo "contra o terrorismo" será o Irã.

Uma frase interessante na matéria:
"...o governo da Venezuela retoma o controle sobre os campos de petróleo concedidos a multinacionais e exige das que continuam no país que se submetam à sua política de comércio exterior e contenham a produção. Sem disparar um só tiro, alterou drasticamente o cenário político e estratégico da América Latina."


O mundo fica "alerta" com a política de Hugo Chávez, principalmente por causa do petróleo, enquanto os E.U.A vai mascarando a sua real intenção atrás de uma política de combate ao terrorismo.

Como disse meu caro amigo Elton do blog Casa de Tolerância:
"Enquanto os EUA comerem, beberem e respirarem petróleo, a Venezuela não estará comercialmente ameaçada."

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28.1.07

Babel, de Alejandro González Iñarritu

Olá caros amigos.
Faz muito tepo que não faço uma postagem no blog. Queiram me desculpar, mas estava de "férias" em São Carlos - SP. Mas agora estou de volta.
Postarei aqui uma matéria, retirada do sítio Agência Carta Maior, sobre o file "BABEL" de Alejandro González Iñarritu, que fez os filmes "Amores Brutos" e "21 gramas". Quem já viu sabe como os filmes são bons. Para quem não viu, aqui está uma boa dica.

Abraços.


  • "Babel" e a trilogia do caos

Filme do cineasta mexicano Alejandro González Iñarritu encerra uma trilogia composta por Amores Brutos (2000) e por 21 gramas. Segundo o próprio diretor, trata-se de uma trilogia inspirada na teoria do caos.

Babel, do cineasta mexicano Alejandro González Iñarritu encerra uma trilogia composta por Amores Brutos (2000) e por 21 gramas (2003). Segundo o próprio diretor, trata-se de uma trilogia inspirada na teoria do caos. Desenvolvida a partir da década de 60 com o trabalho do matemático Benoit Mandelbrot a respeito do tempo meteorológico, a teoria do caos tornou-se mais conhecida no início dos anos 80 com um grupo de alunos da Universidade de Santa Helena (EUA) que se auto-denominaram coletivo de Sistemas Dinâmicos. Sua formulação mais popular é baseada no chamado efeito borboleta, fenômeno no qual uma borboleta, batendo suas asas na muralha da China, pode provocar uma tempestade em Nova York.

A idéia é a de que a maioria dos sistemas não pode ser determinado em decorrência da dependência sensível das condições iniciais, sempre sujeitas à ocorrência de imprevistos. Os adeptos dessa teoria não sustentam, na verdade, que a realidade é regida pelo caos, mas sim por diferentes padrões de complexidade. Ou seja, é possível entender a realidade, mas isso depende do entendimento de suas múltiplas conexões, que estariam sempre em movimento.

Bem, essa é base teórica que inspira os filmes de Iñarritu até aqui. Como em Amores Brutos e 21 gramas, Babel apresenta três histórias diferentes que se cruzam, uma no Marrocos, uma no Japão e outra na fronteira entre EUA e México. O diretor acredita que para contar uma história sobre alguém, é preciso olhar para todas as pessoas que cruzaram sua vida. “Somos o que somos por causa do outro. Somos os outros, num certo ponto”, diz Iñarritu.

Ele disse que fez Babel por estar cansado de ideologias utilizadas para justificar políticas paranóicas e guerras preventivas: “Senti necessidade de falar de temas que estavam me causando muita dor, necessidade de expressar o que sentia vivendo nos EUA”. O alvo é, obviamente, o governo Bush: “George W. Bush é um dos homens mais perigosos da atualidade”. Iñarritu diz que quis fazer um filme sobre a incomunicabilidade e a compaixão, temas que atravessam toda sua obra.

É um cineasta ambicioso. Em Babel, é apenas parcialmente bem-sucedido. O filme tem ótimos momentos mas o todo sofre com a abundância de idéias que motivam o diretor e com a falta de foco para organizá-las. Em alguns momentos, o efeito borboleta acaba transformando-se em uma espécie de “casa da mãe Joana”, onde tudo está relacionado com tudo e ninguém é de ninguém. Ao fazer isso, a crítica que Iñarritu pretende fazer às políticas paranóicas de Bush perde força e dilui-se num oceano de boas intenções.

Para o cineasta, as palavras não são o mais importante, mas sim a emoção que seus personagens passam. Isso faz com que seus filmes, às vezes, resvalem para o melodrama. É um cineasta promissor que pode evoluir. Mas terá que fazer algumas escolhas. É muito difícil, através da linguagem cinematográfica, querer falar de tudo ao mesmo tempo, subordinando a palavra às emoções dos personagens. Os temas dos quais Iñarritu quer falar dependem fundamentalmente da palavra. Portanto, não pode abrir mão dela, sem correr o risco de incorrer naquilo que pretende criticar: a incomunicabilidade entre os homens.

22.1.07

A era dos extremos

Estou inaugurando minha participação aqui no blog do Pérsio, e sou muito grato a ele pelo convite. Pretendo manter a mesma "política de postagens" que ele: indicar coisas interessantes na internet. Não me sinto muito à vontade falando de política, já que só recentemente comecei a me interessar pelo assunto. Ou melhor, comecei a estudar por me convencer da importância do tema, mas na verdade continuo não achando-o interessante. Mas hoje, pelo menos, vou indicar um texto que tem a ver com política, embora mais voltado para a disciplina da história, que eu, aliás, considero muito mais interessante.

Trata-se de um comentário crítico sobre o livro A era dos extremos, de Eric Hobsbawn. Eu conheço muito pouco do autor, e é provável que eu saiba igualmente pouco sobre o assunto do livro. Portanto, não recomendo o texto movido por um compromisso com seu conteúdo, e sim para ouvir a opinião de outros a respeito do mesmo.

O nome do artigo é A historiografia comunista, e seu autor é Carlos Azambuja. O artigo pode ser lido aqui.

Quem me indicou sua leitura foi um amigo meu, formado em história pela UFRJ. Ao me enviar o texto por email ele acrescentou, inclusive, o seguinte comentário:

"Azambuja analisa a obra de Hobsbawn - um dos principais historiadores do século passado -, Era dos Extremos, muito valorizada pela esquerda nacional, mas nem tanto na Europa e USA. Lá eles a consideram mais fruto de propaganda. As críticas abaixo são pra lá de relevantes, mas o livro também tem seus atrativos, como a imensa erudição de Hobsbawn, o que torna um prazer lê-lo, até mesmo se for pra discordar."

15.1.07

Escravidão no Pará

Trecho da matéria retirada do sítio Agência Carta Maior.


...

"Quando o agenciador de trabalhadores rurais precisava de mão-de-obra, dirigia-se à pousada, pagava os débitos do 'empregado' escolhido e levava a pessoa para o local de trabalho. Caso os gestores do negócio rural não gostassem dos serviços prestados pelo trabalhador rural, era a pessoa devolvida ao hotel para ser posteriormente encaminhada a outro empregador", relata a denúncia.

...

"Sob barracos erigidos com lonas e toras de madeiras, abrigavam-se trabalhadores aliciados para desenvolver atividade de roço de juquira e construção de cerca. Não tinham acesso a instalações sanitárias, faziam suas necessidades fisiológicas no mato, aconchegavam-se no chão batido, sem qualquer proteção contra as intempéries, assujeitados à chuva e a animais peçonhentos. Comiam sentados no chão, em desprezo a noções mínimas de higiene. Combatiam a sede com a água retirada do Rio Capim, que também servia para o preparo das refeições e o asseio", descreve a denúncia do MPF sobre a situação em que os acusados colocaram os trabalhadores.

Impressionante!
E fico imaginando quantos abusos como este existem por esse Brasil!
Sem palavras...

Direitos Humanos

Li no sítio Agência Carta Maior a seguinte matéria:

  • HUMAN RIGHTS WATCH - RELATÓRIO 2007

União Européia deve assumir liderança mundial na luta por direitos humanos

Estudo anual divulgado na última semana afirma que, diante da perda de credibilidade do Estados Unidos, os países europeus devem atuar para recolocar a pauta dos direitos humanos como prioritária no cenário internacional.

Bia Barbosa – Carta Maior

SÃO PAULO – Em todo o mundo, a tendência dos governos, em sua imensa maioria, é colocar os direitos humanos em segundo plano, seja no tratamento de sua própria população, seja no relacionamento com outros países. A avaliação é da Human Rights Watch – uma das maiores organizações internacionais de defesa dos direitos humanos –, publicada em seu mais recente relatório global lançado na última semana. O estudo é uma pesquisa anual da situação desses direitos no planeta e traz o resultado de avaliações acerca de sua proteção e garantia em mais de 70 países. O documento analisa desde a liberdade de trabalho dos defensores de direitos humanos nesses locais até a atuação de organismos como as Nações Unidas, passando pelo monitoramento de políticas públicas de desenvolvimento e pelas ações realizadas por entidades internacionais para pressionar governos a restringirem abusos e promoverem direitos.

...

“Tradicionalmente, o Estados Unidos se mostra como o país que mais fortemente desenvolve políticas de promoção e defesa dos direitos humanos, desempenhando uma liderança neste campo. No entanto, sua credibilidade está muito em baixa, pelo fato do governo americano ter praticado a tortura abertamente e manter pessoas presas sem julgamento, como na base de Guantánamo”, explicou o diretor executivo da organização, Kenneth Roth. O relatório da entidade foi lançado no dia em que a prisão de Guantánamo completou cinco anos de funcionamento. “O resultado é que, quando o Estados Unidos fala em direitos humanos, outros governos dizem: “quem são vocês pra falar disso?”. Daí surge a necessidade de olhar para outros países”, avalia Roth.

...

“Precisamos de uma liderança significativa em direitos humanos. A urgência desta questão não deveria ser subestimada se o comprometimento dos países, afirmado em tratados do século XX, não pretende, no século XXI, ser deixado de lado em nome da hipocrisia e de promesssas vazias”, conclui a Human Rights Watch.

Para ler a íntegra do relatório visite a página www.hrw.org.


Após os fracassos dos Estados Unidos em tentar explicar o motivo da ocupação do Iraque, não saber quem realmente é o "inimigo", após torturas no Iraque e prisões sem julgamento na base de Guantánamo (como relatei anteriormente na postagem Terrorismo Estadunidense), a credibilidade dos E.U.A começa "aos poucos" a cair.
E pior de tudo, AOS POUCOS!
E perceba a frase de Bush em relação as torturas no Iraque: "...novos métodos de interrogatório.". Que maldito!
Quantas vezes os E.U.A condenaram estas mesmas ações quando realizadas por outros países?
E agora o presidente americano vem com essa marmelada de "combate ao terrorismo no mundo" como forma de justificar seus atos?

Uma frase interessante retirada da matéria:

O resultado é que, quando os E.U.A fala em direitos humanos, outros governos dizem: "Quem são vocês pra falar disso?".


Ao paredão, George W. Bush!

12.1.07

Teoria "Bushiana" para a guerra, PARTE II

A palhaçada do presidente americano George W. Bush continua.
Li a seguinte matéria no sítio da Revista Fórum.



por Vermelho [11/01/07]

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, admitiu hoje que se houve erros no passado na estratégia americana no Iraque e assegurou que nesses casos "a responsabilidade é do presidente".

Em seu discurso à nação para explicar a nova estratégia no conflito, Bush afirmou que "a situação no Iraque é inaceitável para os americanos" e para ele próprio.

O presidente disse que "a prioridade mais urgente para o sucesso no Iraque é a segurança, especialmente em Bagdá". Ele anunciou como ponto principal de sua estratégia o envio de 21.500 soldados. A maior parte ficará na capital iraquiana, e 4 mil vão para a província de al-Anbar, considerada o principal reduto da rede Al Qaeda no país.

A violência entre comunidades "está dividindo Bagdá em enclaves sectários e minando a confiança de todos os iraquianos", disse Bush, na biblioteca da Casa Branca, em discurso retransmitido pelos canais mais importantes dos EUA.

Além disso, as tropas iraquianas aumentarão sua presença e mais soldados americanos serão incorporados a unidades iraquianas, para acelerar a formação dos soldados locais.

Bush afirmou que interromperá o "fluxo de apoio" que, segundo ele, os insurgentes e terroristas recebem do Irã e da Síria para atacar as tropas americanas.

O presidente americano também afirmou que os países árabes "devem entender que uma derrota americana no Iraque criaria um novo santuário para os extremistas e uma ameaça estratégica à sobrevivência" dos regimes da região.

Bush reconheceu como erro na estratégia seguida nos três anos e meio de conflito se encontra o fato de que em Bagdá "não houve tropas iraquianas nem americanas em número suficiente para proteger os bairros ocupados por terroristas e insurgentes".

Até agora, o presidente tinha sustentado que o número de soldados americanos no Iraque era o suficiente para a missão.

Em seu discurso, Bush disse que deixou claro para o primeiro-ministro Nouri al-Maliki e outros líderes no Iraque que "o compromisso dos Estados Unidos não é eterno".

"Se o Governo do Iraque não cumprir as suas promessas, perderá o apoio do povo americano e do iraquiano também. Chegou o momento de atuar", insistiu.

O presidente reconheceu que por enquanto a violência e as bombas vão continuar. Mas prometeu que com o tempo será possível esperar que "as tropas iraquianas capturem os assassinos e haja menos atos de ousadia terrorista".

"A vitória não será como as que nossos pais e nossos avós conquistaram" e um Iraque democrático "não será perfeito", reconheceu. "Mas será um país que lutará contra o terrorismo, em lugar de apoiar os terroristas, e ajudará a trazer um futuro de paz e segurança", disse.


Cultivar a paz e a segurança mandando mais 21.500 soldados?

O filho da **** do Bush não sabe nem bem ao certo quem é o verdadeiro "inimigo" para combater. Culpa o terrorismo como o grande inimigo e detona o Iraque com a sua ocupação.
Só pra constar, já morreram mais militares americanos no Iraque do que no atentado de 11 de setembro.

O próximo a rodar feio com essa história é o Irã. O presidente George Bush já está culpando o país de "financiar" terroristas para atacar as tropas americanas.
Invadir e "acabar como o terrorismo na raíz" é rapidinho. E ele faz isso mesmo sobre protestos internacionais.

É óbvio que com a invasão de um país por outro ocorra formação de grupos de resistência (e não de tropas terroristas). É óbvio que ocorra retaliação por parte desses grupos.
Mas mesmo assim, Bush, o "esperto", denomina esses grupos de "terroristas".


No meu ponto de vista, para Bush, os árabes são os terroristas.
Claro que existem os grupos terroristas, mas muitos árabes "não-terroristas" estão pagando por isso também.

E depois vem me falar que está acabando com o terrorismo. Quanta imbecilidade!
Que nação deixaria o país ser invadido por tropas de outro país, sem apresentar a menor resistência???
Se, defender sua pátria de invasores é considerado terrorismo, então somos todos terroristas.

10.1.07

Reportagem

VENEZUELA

Hugo Chávez anuncia a nacionalização dos setores elétrico e telefônico

Ao empossar novo governo, venezuelano disse que reestatizará setores de eletricidade e telefonia e acabará com independência do Banco Central, aprofundando a Revolução Bolivariana na direção do socialismo.


Clique aqui para ler a matéria


Gostaria de receber comentários com opiniões sobre o assunto. Gerar uma discussão sobre isso.

7.1.07

Para amantes do bom violão.

Bom, como hoje é domingo não falarei nada relacionado à política. Colocarei algo mais suave, fascinante e para amantes de violão. Mas mesmo se você não for amante do violão e gostar de ouvir ou tocar, encantar-se-á com a técnica e melodia desses dois impressionantes músicos.
E aproveito para ajudar a divulgar seus nomes.


Andy McKee (esquerda) e Antoine Dufour.










Deixarei alguns links aqui para vocês assistirem.



http://www.youtube.com/watch?v=Ddn4MGaS3N4
(Andy McKee - Drifting)

http://www.youtube.com/watch?v=vRvRBQTqUKI
(Antonie Dufour - Memories of the Future)

http://www.youtube.com/watch?v=0qTnkbcKyFg
(Antonie Dufour - Trilogie)

http://www.youtube.com/watch?v=T4Igb5Yors4
(Andy McKee - For my Father)


Fiquei maravilhado vendo esses caras tocarem. Impressionante!!! Quem sabe um dia eu chego lá! :)
Logo mais colocarei alguns links com violonistas interpretando outras músicas, como, por exemplo, "Recuerdos de la Alhambra" de Francisco Tarrega.
Esta música é genialmente interpretada pelo violonista Narciso Yepes.

5.1.07

O ingresso fura-fila


Matéria retirada do site da revista Carta Capital, em 5/1/2007.



  • O INGRESSO FURA-FILA
por Rodrigo Martins


No parque de diversões, quem paga mais pode passar na frente

É dia de trabalho, mas o parque de diversões está repleto de gente. Debaixo do sol abrasador, centenas de visitantes lamentam a espera de até duas horas para entrar nos brinquedos mais disputados, como a desafiadora montanha-russa, de mil metros de extensão. Canaletas com água pulverizada ajudam a minimizar o calor. Alguns perdem a paciência, gesticulam e esbravejam. Outros tentam burlar a fila com os conhecidos que chegaram antes. “Ei, amigão, vai passar na frente de todo mundo?”, protesta um garoto de, no máximo, 10 anos, com surpreendente rigor. “Eu só fui comprar uma água”, rebate o adolescente, trajado com o uniforme escolar. A justificativa parece não convencer, mas basta para o espertinho seguir adiante e pular outra cancela, não sem algum constrangimento.

Mas, no Hopi Hari, o maior parque temático da América Latina, localizado em Vinhedo, interior de São Paulo, os abastados não precisam passar por esse embaraço. Basta pagar mais 16 reais, além do passaporte de 42 reais na entrada, para assegurar o direito de furar a fila quatro vezes, com hora marcada e em brinquedos à escolha do comprador. Como as celebridades e os clientes Vip das casas noturnas badaladas, os beneficiários entram pela porta dos fundos, distante dos olhares e comentários maldosos de quem aguarda a vez de maneira resignada.

“Isso é um péssimo exemplo para as crianças. Na prática, elas aprendem a aceitar a diferença como algo natural. Quem paga mais pode tudo”, ataca Roberto Alves...

...

Alheio a essas querelas,
um grupo de crianças encontrou uma forma alternativa de diversão. Deixou as atrações do Hopi Hari de lado para tomar banho no chafariz. Com roupa, diga-se. Gabriel Fioravante, de 8 anos, era um dos mais empolgados com a brincadeira. Aluno do Colégio Guarani, de Mogi das Cruzes (SP), o garoto viajou por três horas até o parque. Durante uns 30 minutos, permaneceu debaixo da cascata d’água. “Tá muito calor, vim me refrescar um pouco”, conta, envergonhado, e com as mãos já enrugadas. Para esse divertimento, ele não enfrentou filas.


Leia a matéria na íntegra




A frase do garoto foi fogo: “Se paguei, tenho o direito de passar na frente”.
E desigualdade escancarada e lazarenta!

4.1.07

Terrorismo Estadunidense

Li hoje, 4/1/2007, no site da Revista Fórum, o seguinte:


  • Terrorismo estadunidense: 5 anos da base militar de Guantánamo

Por Adital [4/1/2007]

Próximo a completar cinco anos de existência, a base militar estadunidense de Guantánamo, instalada em Cuba, segue considerada uma dos maiores afrontas aos direitos humanos internacionais e um símbolo mor do incentivo ao terror implementado pelos Estados Unidos. A Anistia Internacional intensifica o apelo para que a sociedade se mobilize e se sensibilize para o fechamento da base, que desde o dia 11 de janeiro de 2002, teve em suas prisões 775 pessoas detidas que sequer foram ouvidas pela Justiça ou julgadas devidamente.Atualmente, segundo informações de organizações como a Anistia Internacional, a prisão abriga 430 pessoas de 35 países diferentes. Há informações mais graves de que até menores de idade estivessem também presos no local, e denúncias sobre casos de torturas e maus tratos.

E mesmo com todas as campanhas internacionais sobre o assunto, o governo estadunidense continua enviando presos sob suspeita de terrorismo para a base. A última leva ocorreu no início de setembro, quando 14 pessoas foram encaminhadas para Guantánamo.

Desde antes da transferência dos detidos, em 2001, as autoridades dos Estados Unidos tentam impedir o acesso real à justiça. "Alguns permanecem cinco anos reclusos sem que nenhuma autoridade judicial tenha avaliado o porquê de sua detenção ou como foram tratados durante o período em que estão no cativeiro", afirma a Anistia Internacional.

Ainda no final do ano passado, foi dada como opção que os detidos pudessem ser julgado por Comissões Militares - opção rechaçada pelos movimentos que atuam na área dos direitos humanos, pois estas Comissões não são independentes e admitem testemunhos obtidos sob tortura ou através de intimidação

Por esses motivos, a AI chama a população de todo o mundo para atuar, escrevendo para o Presidente dos EUA, George W. Bush, pedindo para que as instalações prisionais da Baía de Guantánamo sejam fechadas. E que os detidos sejam tratados de acordo com os padrões internacionais ou imediatamente libertados.

As cartas devem ser enderaçadas para:

The Honourable George W. Bush
The President of the United States
1600 Pennsylvania Avenue NW
Washington DC 20500
United States of America

Ou enviadas por e-mail para:
president@whitehouse.gov



Que os prisioneiros sejam tratados de acordo com os padrões internacionais, tudo bem.
Agora, imediatamente libertados?? Acho que isso não é uma opção.
Logo abaixo encontra-se a carta.


Dear Mr. President,
I would like to state our concern over the situation of all Guantánamo detainees.

Due to their situation, it is a matter of the most importance that they are given immediate access to fair trials, or in case they are not tried, they should be immediately released.

Besides their imprisonment, it is a matter of major concerns the allegations of torture and ill-treatment of several prisoners. Since these facts occurred while they are in US custody, we call on the US authorities to immediately conduct a full and impartial investigation, and to make sure that all those found responsible for such acts are brought to justice.

Thus, we would like to appeal to the US government to set up a commission of inquiry into all aspects of the detention policies and practices taken on the "war on terror" led by the USA.

I also call for immediate closing of the Guantánamo detention facilities.
Yours sincerely,

3.1.07

Os primeiros sinais de fraqueza do "Império da Globo"!

Muito interessante a matéria que saiu no site da revista Carta Capital, escrita por Paulo Henrique Amorim, sobre o começo do declínio do império da Rede Globo de televisão.

Ao meu ver, para os que já acompanham um pouco a história da Globo e sua monopolização da mídia, é uma satisfação ler tal matéria.
Aos que não sabem (simplesmente por não saber, e não por camuflar) é dada a oportunidade de saber um pouco mais sobre o que realmente é a Rede Globo de Televisão.

Deixarei aqui só um pequeno trecho da matéria e logo abaixo o link para a mesma.

A Globo também não tem mais como impedir o crescimento de concorrentes no próprio mercado de televisão. Por exemplo, ao longo de 16 anos, a Globo conseguiu conter o crescimento do mercado de tevê por assinatura. Ela sentou em cima do mercado, tomou conta dele e não deixou que competisse com a tevê aberta – ou seja, com a Rede Globo.
Não queria que a tevê por assinatura canibalizasse a Rede Globo.

Link para a matéria



Espero que a Rede Record torne-se a princesa Isabel da mídia! Mas também fica o meu medo de que a mão que assina a abolição seja a mesma a gerar uma ditadura.

1.1.07

Explicação do Blog

Muita gente (3 pessoas que sei que estão lendo meu blog) me perguntam se este é um blog sobre política.
Bom, como criei o blog a pouco tempo (22 de dezembro de 2006), só coloquei posts ligados à política, fora a postagem "Casos bizarros em 2006".
Meu objetivo com este blog não é só abordar assuntos políticos, mas também abordar temas sobre religião, cultura, música, sociedade e outras coisas mais.
Na verdade, é um blog sobre generalidades, mas com um enfoque maior nos temas políticos, e não somente nas discussões sobre política.

Espero ter explicado o real significado do meu blog e que cada vez mais pessoas o acessem e comentem, dando opiniões e crítica, sejam elas construtivas ou não. O importante, para mim, é gerar um ambiente de discussões e enriquecimento do conhecimento.

Não sou mestre nem tampouco doutor nos assuntos que retrato aqui, mas tento contribuir com o que sei e espero aprender com o que os outros sabem.

Recomendo acessarem os links ao lado, seja entrando nos blogs ou nos site recomendados.

Abraços.

Viva 2007!


Chance do evento acontecer: 99,99%
Chance do evento NÃO acontecer: 0,01%


Teoria "Bushiana" para a guerra

Li no sítio da Revista Fórum uma matéria com o seguinte título:


  • Desafios 2006-2007: Inimigo dos EUA no Iraque é uma incógnita

Este ano surgiu uma guerra religiosa no Iraque e houve um recrudescimento do conflito, muito mais aberto, entre xiitas e sunitas no mundo árabe. Os regimes sunitas do Oriente Médio manifestaram crescente ansiedade pela possibilidade de os choques entre sunitas e xiitas no Iraque se propagarem aos seus países, bem como pelo aumento da influência do regime islâmico no Irã em todo o mundo. Nesse panorama, o mais inquietante da política externa de Washington é sua incapacidade para identificar o inimigo no Iraque.

Clique aqui e leia mais ...



Só de ler o começo dessa matéria você já pode imaginar do que se trata.
A matéria é bem interessante. No meu ponto de vista, aborda, perfeitamente, a teoria "bushiana" de guerra.