Tolerância zero? Que nada!

30.1.07

Microcrédito e suas barreiras aos pobres.

O acesso de pessoas de baixa renda à microcréditos, no Brasil, como todo mundo sabe, é cheio de barreiras. Coloco abaixo um destaque meu, desta matéria retirada do sítio da Agência Carta Maior:


Da criação do microcrédito a dezembro de 2006, as instituições financeiras recusaram-se a emprestar 45% de tudo aquilo que estavam obrigadas. Em cifras, negaram R$ 782 milhões em crédito aos pobres, com quem poderiam ter lucrado cobrando juro de 27% a 60% ao ano. Em vez disso, acharam melhor mandar a bolada ao Banco Central (BC), onde o dinheiro descansa sem ganho para as instituições.

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O desinteresse do sistema financeiro existe desde o surgimento do microcrédito. Os bancos reclamam que os limites de juros são rasteiros demais para pagar o custo de caçar e manter clientes de baixa renda. Admitem que não estão acostumados a trabalhar com o segmento. E alegam que o risco de calote seria grande, pela falta de garantias dos tomadores (bens, emprego estável). São queixas contra o próprio espírito do microcrédito – oportunidade de crédito a quem está alijado do sistema tradicional.


Mesmo com todas as barreiras e restrições colocadas ao microcrédito, o avanço relativo aos créditos em geral é o maior desde 1996. Segundo estimativa do Banco Central, o volume geral de crédito representou 34% das riquezas nacionais.

Outro destaque meu: (em relação a estimativa do BC sobre o volume geral de crédito)

Segundo a equipe econômica, o crédito ganhou fôlego com a redução dos juros, processo que atraiu contratos de pessoas físicas e empresas. O principal combustível para a elevação dos empréstimos foi o crédito com prestações descontadas do salário dos trabalhadores, o chamado consignado. Por ter risco de calote quase zero, o consignado possui juro menor que empréstimos tradicionais. Segundo o BC, ele já injetou R$ 48 bilhões no mercado.

Grande avanço na economia brasileira, mas a exclusão dos mais pobres continua.
E como a matéria mesmo relatou, as instituições financeiras preferem perder dinheiro à correr atrás de uma clientela carente.