Tolerância zero? Que nada!

5.1.07

O ingresso fura-fila


Matéria retirada do site da revista Carta Capital, em 5/1/2007.



  • O INGRESSO FURA-FILA
por Rodrigo Martins


No parque de diversões, quem paga mais pode passar na frente

É dia de trabalho, mas o parque de diversões está repleto de gente. Debaixo do sol abrasador, centenas de visitantes lamentam a espera de até duas horas para entrar nos brinquedos mais disputados, como a desafiadora montanha-russa, de mil metros de extensão. Canaletas com água pulverizada ajudam a minimizar o calor. Alguns perdem a paciência, gesticulam e esbravejam. Outros tentam burlar a fila com os conhecidos que chegaram antes. “Ei, amigão, vai passar na frente de todo mundo?”, protesta um garoto de, no máximo, 10 anos, com surpreendente rigor. “Eu só fui comprar uma água”, rebate o adolescente, trajado com o uniforme escolar. A justificativa parece não convencer, mas basta para o espertinho seguir adiante e pular outra cancela, não sem algum constrangimento.

Mas, no Hopi Hari, o maior parque temático da América Latina, localizado em Vinhedo, interior de São Paulo, os abastados não precisam passar por esse embaraço. Basta pagar mais 16 reais, além do passaporte de 42 reais na entrada, para assegurar o direito de furar a fila quatro vezes, com hora marcada e em brinquedos à escolha do comprador. Como as celebridades e os clientes Vip das casas noturnas badaladas, os beneficiários entram pela porta dos fundos, distante dos olhares e comentários maldosos de quem aguarda a vez de maneira resignada.

“Isso é um péssimo exemplo para as crianças. Na prática, elas aprendem a aceitar a diferença como algo natural. Quem paga mais pode tudo”, ataca Roberto Alves...

...

Alheio a essas querelas,
um grupo de crianças encontrou uma forma alternativa de diversão. Deixou as atrações do Hopi Hari de lado para tomar banho no chafariz. Com roupa, diga-se. Gabriel Fioravante, de 8 anos, era um dos mais empolgados com a brincadeira. Aluno do Colégio Guarani, de Mogi das Cruzes (SP), o garoto viajou por três horas até o parque. Durante uns 30 minutos, permaneceu debaixo da cascata d’água. “Tá muito calor, vim me refrescar um pouco”, conta, envergonhado, e com as mãos já enrugadas. Para esse divertimento, ele não enfrentou filas.


Leia a matéria na íntegra




A frase do garoto foi fogo: “Se paguei, tenho o direito de passar na frente”.
E desigualdade escancarada e lazarenta!

5 Comments:

  • Pérsio,

    Me manda seu e-mail para eu convidá-lo para o grupo de notificações de novos comentários da Casa de Tolerância.

    Pensei que você talvez pudesse mandar as notificações de novos comentários de seu blog para este grupo, também. Assim todo mundo fica sabendo quando tem comentário novo.

    Meu email: eltonbcastro arroba gmail ponto com

    By Blogger Elton, at 11:03 AM  

  • Vou tentar fazer isso que vc sugeriu Elton.
    Ainda não conheço direito as funcões do Blogger.

    Abraços

    By Blogger Pérsio, at 2:13 PM  

  • Apenas digo, decepcionante! Deus no céu e dinheiro na terra! se a justiça, as empresas souber que o cara tem dinheiro, ela da todo valor a ele e pune o coitado, que não tem como se defender!!!!( pagar)


    Joel

    By Anonymous Anônimo, at 2:36 AM  

  • Grande Joel.
    Satisfação em tê-lo como leitor do meu blog.

    É como você disse no comentário. Hoje em dia, e sempre, quem tiver mais dinheiro será beneficiado, seja pagando o impagável ou corrompendo o que é honesto. Claro, não englobando todos, pois ainda existem alguns que tentam fazer o certo e não se corrompem (ou pelo menos resistem bravamente) e fazem o justo.

    Abraços

    By Blogger Pérsio, at 10:55 AM  

  • Sempre quem tem dinheiro pode.

    As crianças que não tem R$42,00 do ingresso básico não se divertem em nenhum dos brinquedos.

    Além das duas classes de crianças, "brincam" e "não-brincam", criou-se a terceira "brincam mais".

    Não vejo problemas nesta divisão. Errada é a divisão "tem R$58,00", "tem R$42,00" e "tem R$0,00". Todas as crianças deveriam ter os R$58,00, ou seja, a possibilidade de comprar o ingresso mais caro. Restaria a cada um definir suas prioridades no gasto deste dinheiro.

    By Anonymous Anônimo, at 1:48 PM  

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